A Espada de Dâmocles

Siracusa, cidade mais rica da Sicília, tinha um rei chamado Dionísio. Vivia em um rico palácio, cheio de requintes e coisas bonitas, servido por uma grande criadagem.

Um dos melhores amigos de Dionísio, Dâmocles, o invejava muito, por ser rico e poderoso, e sempre comentava a sorte que o rei tinha.

Um dia, cansado das conversas do amigo, o rei Dionísio propôs-lhe que os dois trocassem de lugar, por um dia. Imediatamente, ele aceitou.

Dâmocles foi, então, levado ao palácio e tratado como um rei. Foi vestido com as roupas reais, sentou-se no trono e teve todos os seus desejos atendidos. Estava radiante por desempenhar o papel de monarca de Siracusa.

Num determinado momento, sentado à mesa real, no lugar destinado ao rei, ao levar à boca uma taça de vinho, Dâmocles notou que, acima de sua cabeça, havia uma espada pendurada por um único fio de crina de cavalo e que quase chegava a tocá-lo.

A lâmina brilhava, apontando diretamente para seus olhos. Ele, então, sentiu um friozinho na barriga. Quis correr, mas teve medo de que o fio se partisse.

- O que foi, meu amigo? - perguntou Dionísio - Parece que você perdeu o apetite!

- Essa espada! Essa espada! - disse o outro, em um sussurro - Você não está vendo?

- É claro que estou. Vejo-a todos os dias, quando sento a esta mesa. Ela está sempre
pendendo sobre a minha cabeça e há sempre a possibilidade de alguém ou alguma coisa partir o fio. Pode ser uma luta interna, pode ser uma guerra com algum reino vizinho, ou pessoas que espalham mentiras para jogar o povo contra mim. Ou o fio pode se partir até em consequência de alguma decisão errada que eu venha a tomar – explicou Dionísio.

E, serenamente, o rei continuou:

Ser líder significa correr riscos. Eles acompanham o exercício do poder.

Percebe agora, meu amigo, que o poder não é só o que você enxergava antes?

- É claro! – disse Dâmocles – Vejo agora, que estava enganado e que Vossa Magestade tem muitas coisas que se praocupar, além do que transparece para o povo. Por favor, reassuma o seu lugar e deixe-me voltar pra minha casa.

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Uma cidade parece pequena

Se comparada com um país

Mas é na minha, na sua cidade

Que se começa a ser feliz.

(Hilton Acioli)